domingo, 22 de maio de 2011

Entre beijos, soluços e lágrimas

                 A noite já ia avançada. A casa toda silenciosa. Apenas uma luz acesa: na sala, onde ela, pacientemente, porém já muito preocupada, bordava à espera de seu amado. Ele já devia ter chego há horas do trabalho. Mas até agora nada. O que será que aconteceu?
                Um barulho na porta da frente. A porta se abriu. Um cheiro forte de álcool invadiu todo o cômodo. Ela levantou os olhos do bordado; o coração à boca. Ele nem cambaleara até a porta da sala, ela já o havia alcançado, num abraço forte e intenso. Lágrimas, antes contidas, agora vertiam, descontroladas, de seus olhos. Pela segunda vez, ele chegara assim em casa. Eles já haviam discutido sobre isso antes, e ele havia prometido que não faria novamente.
                Ela agora o beijava como nunca antes havia beijado. O abraçava como nunca havia abraçado. O apertava contra si como nunca havia apertado.
                - Eu te amo... - sussurrava entre beijos, soluços e lágrimas - eu te amo... - a voz morrendo embargada na garganta.
                Ela, tomada pelo desespero. Ele, sem nem consciência do que estava acontecendo, ou porque aquela mulher estava tão triste...


sexta-feira, 13 de maio de 2011

Reflexões de uma autora de gaveta


                    Como eu posso conseguir escrever um texto cheio de gente em casa?
                Eu preciso de um pouco de paz. Um momento só meu. Um lugar onde eu possa sentir o que preciso, sem que ninguém apareça por trás perguntando o motivo das caras, dos sorrisos, das lágrimas ou dos movimentos que eu faço enquanto escrevo.
                 Certeza que se eu reponder "estou escrevendo um texto" - seja lá qual for o tamanho do sorriso em meu rosto ao dizer estas palavras - ninguém acreditaria em mim. Ou pior: se perguntaria o que se passa na minha vida que faria me sentir de tal modo, quando, tudo o que estou fazendo, é apenas simulando cenas nas quais eu enxerguei uma boa história a ser contada.
                Não posso também deixar a ideia para escrever depois e perder a inspiração que me veio no momento. Tampouco ir para o quintal (aí, sim, achariam que há alguma coisa). Mas também não quero pessoas à volta.
                    Como isso em uma casa com seis pessoas?
                    Como resolver esse meu impasse? .-.